Cálculos Renais

Pedra nos rins: por que elas aparecem e como evitar

Você já ouviu alguém dizer que teve uma “pedra nos rins”? Se sim, provavelmente também ouviu que é uma das piores dores da vida — e não é exagero! Dizem ser comparável à dor do parto. A cólica renal é intensa, vem de repente e não costuma melhorar com analgésicos orais, podendo levar qualquer um ao pronto-socorro para tomar remédio na veia.

Mas afinal, o que são essas pedras, por que se formam e, principalmente, como podemos evitá-las?

O que é a nefrolitíase

Nefrolitíase é o nome médico para o famoso “cálculo renal”. Ele é formado quando sais e minerais da urina se juntam e criam cristais, como se o rim virasse um “laboratório de pedrinhas”.

Esses cristais crescem, se unem e podem se soltar do rim, descendo pelo canal que leva a urina até a bexiga — o ureter. É aí que surge a dor: o cálculo tenta passar, mas o ureter reage, contraindo fortemente (daí a cólica!). A produção de urina não pára em um primeiro momento e os rins começam a ficar “dilatados”, o que também gera dor.

Como é a dor da cólica renal?

A dor aparece de repente, geralmente na região lombar, e pode irradiar para a barriga ou para a virilha. Ela vem em ondas, dura de 20 a 60 minutos, e pode vir acompanhada de enjoo, vômitos e suor frio. A pressão costuma subir na hora da dor e o coração fica acelerado. Muita gente também nota sangue na urina — um sinal bem comum.

Quem tem mais risco de formar cálculos?

A pedra nos rins é muito mais comum do que parece:

  • Afeta até 15% da população;
  • É mais frequente em homens, entre 30 e 40 anos;
  • Quem já teve uma pedra tem grande chance de ter outra — quase metade das pessoas recidivam o cálculo em um período de 10 anos!

Fatores que aumentam o risco:

  • Beber pouca água
  • Dieta rica em sal e proteína
  • Obesidade e síndrome metabólica
  • Alguns medicamentos
  • Histórico familiar de cálculos
Como o médico confirma o diagnóstico?

O diagnóstico é feito com exames de imagem, que mostram o cálculo e sua localização:

  • Ultrassom: simples e sem radiação — ótimo para começar;
  • Tomografia sem contraste: o exame mais preciso;
  • Raio-X: pode ajudar, mas nem sempre mostra todos os cálculos.
Tratamento

O tratamento depende do tamanho e da localização do cálculo:

  • Pedras pequenas (<5 mm): costumam sair sozinhas com hidratação e analgésicos.
  • Pedras médias (5–10 mm): às vezes precisam de medicamentos que “relaxam” o ureter, ajudando na eliminação.
  • Pedras grandes (>10 mm): ou que causam “entupimento” exigem intervenção urológica — hoje com técnicas minimamente invasivas.

Durante a crise, o foco é aliviar a dor com anti-inflamatórios e analgésicos. Atenção: não adianta exagerar na água durante a dor! Se o rim estiver “entupido”, isso pode piorar o desconforto.

Depois da crise

Depois que a pedra sai (ou é retirada), é importante investigar a causa. O médico pode pedir exames de urina de 24 horas e avaliações metabólicas para entender o motivo da formação dos cálculos e traçar uma estratégia de prevenção.

Como prevenir novas pedras

A boa notícia é que a maioria das pedras pode ser evitada! Basta adotar alguns hábitos simples:

  • Beba bastante água — pelo menos 2,5 a 3 litros por dia (desde que não tenha problemas de coração, fígado ou doença renal crônica – nesses casos, consultar seu médico antes).
  • Coma frutas e vegetais, especialmente cítricos (como limão, laranja).
  • Não corte o cálcio da dieta: ao contrário do que possa parecer, reduzir o cálcio na alimentação pode até aumentar o risco de cálculos! O cálcio ajuda a evitar que o oxalato seja absorvido em excesso e eliminado na urina.
  • Evite exagerar no sal e na proteína animal.
  • Mantenha o peso saudável e pratique atividade física.
Quando procurar um médico

Procure atendimento rápido se tiver:

  • Dor intensa nas costas ou abdome;
  • Febre junto com a dor;
  • Sangue na urina;
  • Náuseas e vômitos que impedem de beber líquidos.
Mitos e Verdades sobre Pedra nos Rins

“Tomar leite causa pedra nos rins.”
Mito! O cálcio do leite não causa pedra — ele ajuda a evitar! O que faz mal é o excesso de sal e proteína animal.

“Tomate aumenta o risco de pedra nos rins.”
Mito! Ele contém pequena quantidade de oxalato, mas não se compara com alimentos como espinafre, beterraba, nozes e chocolate, que são muito ricos em oxalato e devem ser evitados em quem tem cálculos com esse componente.

“Cerveja ajuda a eliminar pedras.”
Mito! O álcool desidrata e pode aumentar o ácido úrico, favorecendo a formação de cálculos. A ideia não é proibir que tome uma cerveja eventual, mas saber que ela não previne nem trata as pedrinhas.

“Chá de quebra-pedra quebra mesmo as pedras?”
Parcialmente verdade. O chá de Phyllanthus niruri pode ajudar na prevenção das pedras (aumentando o volume urinário e reduzindo a formação e agregação de cristais), mas não dissolve nem quebra cálculos. Se for usar, considere apenas como complemento às demais orientações médicas.

“Beber muita água é o melhor jeito de evitar pedras.”
Verdade absoluta! A hidratação dilui a urina e reduz a concentração dos sais — o passo mais importante para proteger seus rins.

“Tomar muita água com gás causa pedra.”
Mito! A água com gás não aumenta o risco de cálculos renais!

Resumindo…

A pedra nos rins é comum, dolorosa, mas prevenível. Beber água é o melhor remédio — simples, barato e eficaz.

E se você já teve uma, não espere a próxima crise: procure um nefrologista para investigar e prevenir novas pedrinhas!

Seus rins agradecem!

Dra. Fabiana Bonato
Nefrologista – CRM 46974