
Você já ouviu alguém dizer que teve uma “pedra nos rins”? Se sim, provavelmente também ouviu que é uma das piores dores da vida — e não é exagero! Dizem ser comparável à dor do parto. A cólica renal é intensa, vem de repente e não costuma melhorar com analgésicos orais, podendo levar qualquer um ao pronto-socorro para tomar remédio na veia.
Mas afinal, o que são essas pedras, por que se formam e, principalmente, como podemos evitá-las?
Nefrolitíase é o nome médico para o famoso “cálculo renal”. Ele é formado quando sais e minerais da urina se juntam e criam cristais, como se o rim virasse um “laboratório de pedrinhas”.
Esses cristais crescem, se unem e podem se soltar do rim, descendo pelo canal que leva a urina até a bexiga — o ureter. É aí que surge a dor: o cálculo tenta passar, mas o ureter reage, contraindo fortemente (daí a cólica!). A produção de urina não pára em um primeiro momento e os rins começam a ficar “dilatados”, o que também gera dor.
A dor aparece de repente, geralmente na região lombar, e pode irradiar para a barriga ou para a virilha. Ela vem em ondas, dura de 20 a 60 minutos, e pode vir acompanhada de enjoo, vômitos e suor frio. A pressão costuma subir na hora da dor e o coração fica acelerado. Muita gente também nota sangue na urina — um sinal bem comum.
A pedra nos rins é muito mais comum do que parece:
Fatores que aumentam o risco:
O diagnóstico é feito com exames de imagem, que mostram o cálculo e sua localização:
O tratamento depende do tamanho e da localização do cálculo:
Durante a crise, o foco é aliviar a dor com anti-inflamatórios e analgésicos. Atenção: não adianta exagerar na água durante a dor! Se o rim estiver “entupido”, isso pode piorar o desconforto.
Depois que a pedra sai (ou é retirada), é importante investigar a causa. O médico pode pedir exames de urina de 24 horas e avaliações metabólicas para entender o motivo da formação dos cálculos e traçar uma estratégia de prevenção.
A boa notícia é que a maioria das pedras pode ser evitada! Basta adotar alguns hábitos simples:
Procure atendimento rápido se tiver:
“Tomar leite causa pedra nos rins.”
Mito! O cálcio do leite não causa pedra — ele ajuda a evitar! O que faz mal é o excesso de sal e proteína animal.
“Tomate aumenta o risco de pedra nos rins.”
Mito! Ele contém pequena quantidade de oxalato, mas não se compara com alimentos como espinafre, beterraba, nozes e chocolate, que são muito ricos em oxalato e devem ser evitados em quem tem cálculos com esse componente.
“Cerveja ajuda a eliminar pedras.”
Mito! O álcool desidrata e pode aumentar o ácido úrico, favorecendo a formação de cálculos. A ideia não é proibir que tome uma cerveja eventual, mas saber que ela não previne nem trata as pedrinhas.
“Chá de quebra-pedra quebra mesmo as pedras?”
Parcialmente verdade. O chá de Phyllanthus niruri pode ajudar na prevenção das pedras (aumentando o volume urinário e reduzindo a formação e agregação de cristais), mas não dissolve nem quebra cálculos. Se for usar, considere apenas como complemento às demais orientações médicas.
“Beber muita água é o melhor jeito de evitar pedras.”
Verdade absoluta! A hidratação dilui a urina e reduz a concentração dos sais — o passo mais importante para proteger seus rins.
“Tomar muita água com gás causa pedra.”
Mito! A água com gás não aumenta o risco de cálculos renais!
A pedra nos rins é comum, dolorosa, mas prevenível. Beber água é o melhor remédio — simples, barato e eficaz.
E se você já teve uma, não espere a próxima crise: procure um nefrologista para investigar e prevenir novas pedrinhas!
Seus rins agradecem!
Dra. Fabiana Bonato
Nefrologista – CRM 46974