
Hoje vamos conversar sobre um tema super importante, mas que muita gente nunca ouviu falar: a Doença Renal Policística Autossômica Dominante (DRPA).
Ela é a 4ª causa de doença renal crônica em estágio final no Brasil, ou seja, está entre as condições que mais levam à necessidade de diálise ou transplante. Por ser uma doença genética, o histórico familiar de doença renal é um sinal de alerta fundamental para a realização de exames de forma precoce.
Vamos por partes!
A DRPA é uma condição genética — ou seja, está presente no DNA. A pessoa nasce com a alteração, mas os sintomas costumam aparecer apenas na vida adulta.
Nessa doença, surgem cistos nos rins, como se fossem “bolinhas cheias de líquido”. No início, eles são pequenos e geralmente não causam sintomas. Com o tempo, porém, aumentam em quantidade e tamanho, fazendo com que os rins fiquem maiores, mais pesados e menos eficientes.
Isso pode levar a diferentes complicações, e algumas pessoas também desenvolvem cistos em outros órgãos, especialmente no fígado.
A DRPA é mais comum do que parece e acomete milhões de pessoas no mundo todo. A forma mais frequente é herdada de um dos pais (autossômica dominante) e atinge homens e mulheres na mesma proporção.
Se um dos pais tem a doença, cada filho tem 50% de chance de herdar. Por isso, conhecer o histórico familiar é extremamente importante.
O diagnóstico costuma ser simples e baseia-se em:
Em alguns casos, especialmente quando não há clareza sobre o histórico familiar, pode ser indicado o teste genético.
A maioria das pessoas não apresenta sintomas nas fases iniciais. Alguns sinais, porém, podem levantar suspeita de problema renal:
A DRPA é uma doença de evolução lenta, mas o ritmo varia bastante de pessoa para pessoa.
A maior parte dos pacientes começa a perder a função renal ao longo da vida adulta, e cerca de 50% precisará de diálise ou transplante por volta dos 55 anos. No entanto, algumas pessoas mantêm boa função renal por muitos anos.
Fatores que ajudam a prever a velocidade da progressão:
Hoje existem métodos para medir o volume total dos rins, que ajudam a estimar o risco de progressão. Perdas de 2–3% da função renal ao ano por 5 anos, ou 5% em apenas 1 ano, indicam evolução mais acelerada e necessidade de acompanhamento rigoroso.
A DRPA não tem cura, mas existem estratégias eficazes para desacelerar a progressão da doença e melhorar a qualidade de vida.
Esse é o pilar mais importante do tratamento. A pressão alta acelera a perda da função renal.
Medicamentos como os IECA (ex: enalapril) ou BRA (ex: losartana) são preferidos, pois ajudam a controlar a pressão e proteger os rins.
Beber bastante água reduz a produção de vasopressina, um hormônio que estimula o crescimento dos cistos. Quanto maior a hidratação, menor o estímulo para progressão da doença.
Hábitos que influenciam positivamente a evolução:
O tolvaptan é atualmente o único medicamento capaz de desacelerar o crescimento dos rins e a perda da função renal na DRPA.
Importante: nem todo paciente tem indicação para o uso. Ele é reservado para pessoas com maior risco de evolução rápida.
O uso exige acompanhamento próximo com o nefrologista, pois pode causar sede intensa, aumento do volume urinário, noctúria e, em cerca de 5% dos casos, alterações no fígado.
Ultrassom, exames de sangue e consultas regulares com o nefrologista são fundamentais para monitorar a evolução da doença.
Se a doença evoluir para insuficiência renal avançada, existem duas opções:
A Doença Renal Policística é mais comum do que parece. Apesar disso, existem formas eficazes de acompanhar, tratar e retardar sua progressão.
Quanto mais cedo o diagnóstico, melhores são as chances de preservar a função renal.
Se você tem histórico familiar ou sinais de alerta, procure um nefrologista. Estarei aqui para ajudar você nesse processo.
Dra. Fabiana Bonato
Nefrologista
Dra. Fabiana Bonato
CRM MG 46974 / RQE 53025
Médica Nefrologista em Juiz de Fora
Centro Médico Monte Sinai
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